SACRÍLEGAS PALAVRAS: Inconfidência e presença jesuítica nas Minas Gerais durante o período pombalino
Leandro Pena Catão
Esse trabalho tem por objetivo analisar quatro Inconfidências que ocorreram na capitania das Minas Gerais durante o período pombalino. São elas: a Inconfidência de Curvelo de 1760-1763; a Inconfidência de Mariana de 1769; A Inconfidência de Sabará de 1775 e, por fim, uma nova Inconfidência em Curvelo, no ano de 1776. Em todos esses eventos o governo e a imagem de dom José I e seu ministro, o marquês de Pombal, foram violentamente atacadas, o que caracterizava crime de inconfidência.
Naquele período, Pombal promoveu uma série de reformas de natureza política, social e econômica em
Portugal, o que colocou o Estado português e a Companhia de Jesus em rota de colisão. A causa dos ataques às imagens do monarca e de seu ministro foi a expulsão dos padres da Companhia de Jesus do mundo português, em decorrência das amplas reformas promovidas por Pombal, sobretudo a submissão da Igreja ao Estado.
Essas Inconfidências mostram a influência que aquela Ordem exercia sobre os súditos. Não obstante as disposições
contrárias da Coroa em relação à presença de regulares nas Minas setecentistas, os jesuítas sempre estiveram presentes nessas terras desde os primórdios da colonização e mesmo após a expulsão, outra mostra da força da Companhia. As Inconfidências revelam conflitos de âmbito local entre as elites mineiras, confrontos entre régulos em disputas por cargos públicos e outras vantagens. Inauguram uma nova modalidade de contestação política nas
Minas setecentistas.
Autoria: Leandro Pena Catão
Orientação: Profª. Drª. Júnia Ferreira Furtado
Tipo: Tese de doutoramento apresentada ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.