Participação em Eventos Científicos e Culturais,  Seminário de Pesquisa

A memória pelas águas do Rio Sabará : reflexões a partir do making of do filme do Projeto Mãe Domingas

Apresentação realizada no 23º Seminário de Pesquisa e Extensão UEMG

Kele Conceição Alves Vilaça Amaral e Lana Mara de Castro Siman
Universidade do Estado de Minas Gerais/FAE UEMG
IBRAM
 

O Projeto Mãe Domingas – Educação pelas águas do Rio Sabará, vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Polis e Mnemosine (FaE-UEMG) é desenvolvido em parceria com Museu do Ouro/Ibram, Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação Museal -Meio ( UFMG) e a pesquisadora Barbara Bader (Université Laval, Québec/Canadá). Iniciou-se em 2017 como projeto de extensão e, posteriormente, em 2018 tornou-se projeto de pesquisa- que também realiza ações extensionistas educativas em prol do engajamento ecocidadão dos moradores da cidade de Sabará (região metropolitana de Belo Horizonte/MG), em torno da defesa e proteção das águas do rio que dá nome à cidade-. Ambos os projetos tem as mulheres, ex-lavadeiras do rio Sabará, como participantes desde 2017. 

Destacaremos, neste seminário, a discussão do making of, como um produto audiovisual capaz de revelar nos bastidores momentos de protagonismo e engajamento do grupo de ex-lavadeiras participantes do projeto. Para a realização do filme essas mulheres foram convidadas a reviver um dia de lavação de roupas no rio com a reconstituição de cenas do ofício em trecho de um afluente onde a água continua limpa. Vestidas à caráter, com grandes bacias na cabeça, o rio tornou-se lugar de memória investido da aura simbólica e de sentimento de pertencimento. Lembranças individuais e coletivas sobre temas como a cultura do trabalho, o direito ao lazer, a transmissão do conhecimento por meio do saber-fazer e da educação ambiental, evocadas pelas narrativas das participantes, renderam-nos as reflexões que pretendemos discutir em nossa apresentação. 

São mulheres, que construíram suas identidades e modos de vida ligados às águas do Rio Sabará, que narram experiências do saber-fazer, da cultura como experiência e luta. São mãos que batem as roupas nas pedras, que transformam o Melão de São Caetano – trepadeira que cresce nos quintais e ao longo do rio- em sabão e alvejante, que ensinam e inspiram. Talvez como poucos, elas percebam o Rio Sabará como patrimônio e por isso lamentam tanto as consequências da poluição que as impediu de manter o relacionamento com o rio onde também pescavam, se banhavam, nutriam momentos de socialização, se divertiam. O descaso ambiental impõe um luto que as vimos expressar em falas emocionadas. A discussão do making of pretende, portanto, evidenciar que essas mulheres procuram transmitir para as gerações futuras, e a seus contemporâneos, memórias de seus ofícios e de suas vivências com o rio para, por meio delas, também conscientizar.

 

Apresentação realizada durante o 23º Seminário de Pesquisa e Extensão da Universidade do Estado de Minas Gerais- UEMG, pelas pesquisadoras Kele Conceição Alves Vilaça Amaral e Lana Mara de Castro Siman. O trabalho é vinculado do Projeto Mãe Domingas- Educação pelas águas do Rio Sabará

 

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